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Motorbeach 2018
A decisão da ida foi na última. A vontade sempre lá esteve, mas o facto de não poder ir na minha menina, ao motorbeach, levava-me a pensar que não valeria muito a pena. A Maria não podia, o que tornou a minha decisão e da Betty mais ponderada.
Quinta-feira 10h, largo o carro em Ermesinde e arrancamos de mota para o primeiro spot – Chaves. A viagem foi rápida e o ânimo era notório, paramos para almoçar na casa do “Rei”, já conhecido do pessoal. Pela quantidade de motas que avistei à chegada, esta viagem só podia ser animada. Não conhecia praticamente ninguém, mas sem pensar muito no assunto, infiltrei-me no grupo. O almoço foi como que a primeira aproximação com o pessoal, e correu muito bem. Despedimo-nos do “rei” e seguimos viagem. O destino era Astúrias, com previsão de chegadas as 21h.
Ana, uma pessoa incrível, de uma disposição contagiante, era ela com quem iria partilhar a viagem de forma mais próxima, e com o João, o nosso repórter de imagem, que faria a cobertura de toda esta experiência. Como não nos conhecíamos, assunto não faltou e o tempo passava sem nos apercebermos. Poucos quilómetros depois de Chaves, o primeiro incidente. Uma mota avariou e sem reparação possível para voltar a seguir viagem. Tenta-se resolver tudo rapidamente, mas ainda assim passaram cerca de 2 horas. A espera não foi difícil, com este pessoal estava comprovado que o tempo voava. Seguimos viagem e pouco depois, segundo imprevisto. Um de nós caiu. Algo que poderia ter sido bem grave, mas que correu bem. A mota é que teria de ficar para trás. Tínhamos duas baixas, mas não era isto que nos fazia desistir. Mais duas horas de espera, e a chegada que estava prevista para as 9h adia-se para as 4 da manha. O tempo esteve bom durante maior parte do percurso, mas à chegada aos picos da europa, o tempo altera-se. Chuva e muito nevoeiro eram fatores constantes, que não tem nada de errado, mas sim algo que veio tornar o desafio ainda bem maior. Exaustos lá chegamos ao destino, Astúrias.
Uma cidade linda e pitoresca que se desenvolve por entre escarpas, rios e praias. As fachadas sujas dos edifícios de cor escura e os cheiros intensos onde se recebe a luz do sol quase como uma lufada de ar fresco, são cenários incrível para esta aventura.
Sexta-feira, o acordar foi tardio, estávamos todos cansados, mas o destino era o Motorbeach. Fomos até ao centro onde almoçamos e rapidamente nos apercebemos da necessidade de comprar umas galochas. É verdade, o recinto que nos esperava estava inundado de lama, o tempo não estava animador. Um pormenor que só veio trazer mais curiosidade. Chegamos ao destino e o astral era top, motos, surf, e musica eram de sobra. Sabíamos de longe que não era o melhor ano, o tempo no estava convidativo e o evento tinha reduzido muito de tamanho e variedade de ofertas, mas já estávamos lá e tínhamos mais é que aproveitar o que havia. Na realidade não precisávamos de mais, havia de tudo um pouco, motas de todas as formas e feitios, concertos, praia, surf, comida, bebida, e tendas de acessórios para amantes de duas rodas. O espaço era lindo, a praia incrível e com uma vista deslumbrante. Podia não ser o melhor ano, mas eu não conhecia outro. O dia passou num ápice e embora cansados, a noite ainda se perlongou e o convívio durou até tarde. Foram horas de histórias, e experiencias marcantes, intercaladas de momentos únicos de humor. O pessoal revelava-se cada vez mais interessante. Pessoas de conversa fácil e envolvente. O relógio não parava e o cansaço fazia-se notar cada vez mais. Mais umas horas de descanso e la estávamos nós prontos para mais um dia. Sábado, o tempo mais uma vez não parecia melhorar. Alteramos os planos e decidimos pegar nas meninas e ir a descoberta de novas paisagens.
Mergulhamos numa misteriosa e agreste floresta, quase virgem. Arvores de um verde intenso que formavam majestosas torres de luz e cor. Aproveitávamos pequenas paragens para guardar memórias, mas muito curtas porque a vontade de rolar era muito maior. A chuva caia-me no rosto de forma mais constante. A força das gotas era incrível e o seu cheiro impossível não ser detetado, tocava-nos de forma profunda, tao bom que nunca desejei tanto que não parasse de chover. De mota tudo parece fazer mais sentido, as coisas são vividas de forma mais intensa e damos valor a coisas que nunca tínhamos reparado. O vento não era muito forte, o que tornava tudo de mais fácil perceção. O roncar do motor mais a dualidade da estrada com o verde da vegetação era deslumbrante. Nada mais se ouvia e se fazia sentir para além disso. Muito pouco na verdade, mas muito intenso e só possível ao colo das meninas. Assim andamos por umas boas horas. Quilómetros e quilómetros de sensações variadas de impossível descrição. Estávamos no nosso mundo a fazer o que mais nos dava prazer.
A viagem terminou com um ótimo jantar de convívio, que nos animou para dar mais um pulinho ao Motorbeach. A imagem daquele espaço de noite, iria de certeza ser diferente e não a podíamos perder. O terreno estava mais enlameado do que o dia anterior, mas mesmo assim não nos demoveu. Aproveitamos o concerto ate ao fim e terminamos o dia com a certeza que não poderia ter sido melhor aproveitado. Domingo, tínhamos novamente muito quilómetros pela frente. Despedimo-nos da cidade e arrancamos para uma nova viagem que terminava novamente em Chaves, com mais um convívio em casa do “rei”. Mergulhos, boa comida e muita bebida. Bons momentos marcavam o fim desta aventura.
Tínhamos mergulhado nos mistérios das Astúrias e saía de lá com a bagagem cheia de novos desafios, experiências e emoções. Tudo isto impossível sem as pessoas excepcionais que me acompanharam e acolheram nos seus mundos de forma tao quente e despreocupada.
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Obrigada pessoal! Motobeach, até para o ano!!
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